sábado, 16 de maio de 2015

O Amigo do Noivo


 
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Na Bíblia, encontramos esta figura referenciada por João Batista. Para sabermos um pouco mais sobre ela devemos ler no Livro de Gênesis, capítulo 24, a história do servo de Abraão, incumbido por ele de providenciar uma esposa para Isaque, seu filho.
Esta história ilustra o que havia de comum entre as pessoas de posse daquela época. O Patriarca escolhia entre seus servos aquele que era o mais capacitado e de sua maior confiança e encarregava-o da missão de encontrar uma esposa para seu filho. A partir deste momento, tal pessoa deixava de ser um simples servo para ocupar a condição de “amigo do noivo”. Ele tomava os preciosos e ricos dotes que o Patriarca separava para a corte da noiva e punha-se em missão para impressionar aquela que seria a pretendida. Para ter êxito em sua missão, ele fazia a corte para a noiva e falava bem do noivo para convencê-la e à sua família de que seria um bom casamento. Ao retornar com a noiva, fazia o mesmo com o noivo, ou seja, elogiava a noiva para que ele se entusiasmasse com a pretendida. Feitas então as apresentações, o amigo do noivo saía de cena. Ele fizera tudo para que o casamento desse certo e agora deveria deixar que os noivos ocupassem o papel principal.
Nesse aspecto, vemos que João Batista foi o amigo de Jesus no exercício de seu ministério, ao preparar o caminho do Senhor. “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele” (Mateus 11:11). “Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido” (João 3:29). João Batista, o maior e o menor.
Dentre os servos profetas, Deus escolheu João Batista para ser o “amigo do noivo”, por isso dele é dito que é o maior. O Patriarca escolhia o servo mais importante para a missão de ser o “amigo do noivo”. Por outro lado, João é também o menor, pois a noiva, a Igreja composta por seus membros, é maior que ele. A noiva e o noivo são mais importantes que o “amigo do noivo” e este, como tal, deve fazer como João Batista, não ofuscar a glória do casal.
Diante da manifestação de Jesus, ele não hesitou em apontá-lo aos seus discípulos: “…eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo…” João entendia que Jesus era a razão de seu ministério. Quando Jesus apareceu em cena, João dava testemunho com sua humildade: “eu é que deveria ser batizado por ti e tu vens a mim?…”, “…não sou digno de desatar as alparcas de seus pés…”, “…convém que Ele cresça e que eu diminua…”.
Como ministros do louvor, da palavra ou da oração, outra posição mais honrosa não nos cabe a não ser a de “amigos do noivo”. No entanto, é triste ver que, às vezes, os ministros se esquecem do noivo e acabam por usurpar o lugar dele. Nesse caso, aquele que deveria preparar e apresentar a noiva Igreja ao noivo Jesus, coloca-se entre eles e chama tanto a atenção para si que impede que a noiva veja o noivo e se aproxime dele.

A função do “amigo do noivo” era tão nobre que o Patriarca escolhia o servo mais importante para isso. Confiava-lhe não só o tesouro para o casamento, como o próprio futuro da família, pois um procedimento irresponsável desse escolhido poderia colocar tudo a perder. Quando a missão era coroada de êxito, a felicidade da família estava garantida. Por outro lado, o servo só era escolhido para a missão porque já dera mostras anteriormente de seu caráter ao Patriarca. Não era, portanto, uma escolha aleatória, ao contrário, era feita muito criteriosamente. Sua missão não se resumia apenas ao momento em que a noiva e o noivo estavam frente a frente, mas havia toda uma preparação para isso, que o tomava de preocupação para que tudo saísse de forma a agradar a quem o designara. Assim também deve ser a atitude dos ministros do Senhor. Sua missão não se resume a estar diante de uma reunião, tocando um instrumento, pregando uma mensagem. Antes, deve atentar-se diligentemente para a preparação desse momento, incluindo nisso a sua própria vida de santidade e intercessão, para que tudo seja agradável a Deus.


Por fim, cabe uma reflexão: como eu tenho me portado como “amigo do noivo”? “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer” (João 15:14-15).

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